"Rock’n roll é fácil, De ouvir, É ótimo para dançar, Para a maioria, É o próprio ar... Pode ser tocado, Por jovens, por velhos, Não importando a idade, Por quem sabe, e também por quem só tem vontade, Por um violão com duas cordas, Com gaita ou um cabo de vassoura, Talvez com instrumentos de ponta, É deixar rolar a alegria, No fim de tudo o que conta, Pura adrenalina, Se pede mais uma dose, E embora isso seja uma sina, De improviso ou de ouvido, Seja ele qual for, Clássico, progressivo ou dléim dléim... Mas o objetivo, Vai além, Divertir o coração, E o rock'n roll faz isso, Com muita satisfação!!!”

Dá um curtir aí, pô!!!!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O emocionante relato do show de Mr. Madman, em ...


“EU VI DEUS: ELE USA ROUPA PRETA E COME MORCEGOS!”
Por Afonso Ellero

Lá se iam 16 anos sem assistir um show de rock internacional, quando saí de Amparo ontem às 16 horas.
Não sou um cara de cultivar ídolos. O único que tive e tenho e minha vida é meu já falecido avô Agenor, mas se existe um cara a quem posso chamar de ídolo musical esse cara se chama John Michael Osbourne, ou simplesmente Ozzy.
E em 02 de abril de 2011, consegui enfim realizar um sonho: assistir um show ao vivo do Príncipe das Trevas!
A viagem correu tudo bem, o Chicão já saiu de Amparo de ponta cabeça, choveu o tempo todo, o Sepultura fez um “open act” muito competente, mas isso tudo são apenas detalhes.
São Pedro resolveu nos premiar com uma tempestade! Literalmente despejou água com o balde! Mas nem isso estragou a diversão.
Cerca de 30.000 súditos apostos e as luzes se apagam! Uma breve introdução de um trecho da ópera “Carmina Burana” anuncia o fim do mundo! E ele entrou...
Nada de pirotecnia, telões ou efeitos especiais, apenas “ele” e a banda mandando os primeiros acordes de “Bark at the Moon”.
Por alguns segundos voltei a ser adolescente e confesso envergonhado que me emocionei: “- Eu estou vendo o Ozzy!” – pensei.
Por motivos pessoais e particulares aquilo foi meio emblemático para mim. Talvez fosse um sinal de que as “trevas” em que minha vida estava haviam ficado para trás. Mas isso é outra história...
Pude ver que mesmo aos 62 anos de idade “The Madman” continuava implacável a frente de sua banda.
Em seguida veio uma do último álbum. “Let Me Hear You Scream” e literalmente botou a massa para cima. Mesmo com minha seqüela crônica nos pés outrora fraturados, uma mochila cheia de copos de água nas costas e minha carcaça gorda e molhada pulei feito um mamute esquizofrênico cantando o refrão a plenos pulmões.
Adam Wakeman dedilhou os primeiros acordes de Mr. Crowley e a emoção tomou conta de todos. Além do frio que já me arrepiava, agora a música tratava de completar o serviço levantando meus encharcados pêlos dos braços e até a cabeleira que circunda o imaculado orifício circular corrugado, localizado na região ínfero-lombar (conhecido pela alcunha de “cu”).
A audiência cantou junto e até acompanhou a melodia da guitarra. Uma característica tipicamente sul americana, segundo os gringos.
“I Don't Know”, “Fairies Wear Boots” (do Black Sabbath) e "Suicide Solution" vieram na seqüência mantendo a animação.
Além do já conhecido hábito de jogar baldes de água na platéia, Ozzy agora conta com uma mangueira que lança jatos de espuma a longa distância. Pelo telão víamos a turma do gargarejo toda coberta de branco, e delirando com isso.
Falando em balde de água...
Em determinado momento a chuva se tornou torrencial chamando a atenção do Madman que mandou a chuva “se foder”. Num inglês quase ininteligível devido a seu estado de “quase morto” Ozzy se juntou a nós dizendo que seria mais um entre os molhados: virou um balde de água em cima de sua própria cabeça! Ele acabara de ganhar o amor eterno dos presentes.
“Road to Nowhere” veio junto do pior momento da chuva. Precisei cantar de olhos fechados e já sem meus óculos, pois á água não me deixava ver quase nada. Quem me via devia achar que eu estava realmente sentindo a música. E no fundo realmente estava. A letra diz respeito a uma fase de minha vida e confesso mais uma vez envergonhado que minhas lágrimas se misturaram a chuva. Eu sei que isso é meio viadagem, mas cada um sabe de seus problemas e frustrações. Enfim, outra história.
Veio “War Pig's”, e nem é preciso comentar...
“Shot in the Dark” botou todo mundo pra cantar e senti que minha voz já estava indo embora. A de Ozzy também! E ele fez questão de salientar que isso estava acontecendo, mas “estou fazendo o meu melhor” – disse.
Hora de apresentar a banda: Rob Nicholson (baixo), Tommy Clufetos (bateria), Adam Wakeman (teclado) e Gus G (guitarra).
Hora de descansar: solo de guitarra e depois de bateria.
Gus G foi o primeiro. Confesso que fiquei decepcionado em saber que não assistiria um show com Zakk Wylde, mas sabia que Sharon Osbourne não contrataria um simples guitarrista para seu lugar: e eu não estava errado!
O grego mostrou que sabe muito e mandou ver num solo que mesclava feeling e velocidade. Deu até uma puxadinha de saco tocando uma parte de nosso já consagrado choro “Brasileirinho”. E o fez com competência! O cara é muito bom, mas ainda prefiro o jeitão animalesco do Zakk...
O solo de bateria pareceu interminável. Foi bom, mas se você, como eu, curte um som desse instrumento, sacaria na hora que foi mais um lance pra deixar o Ozzy descansar do que uma aula de bateria. O cara fez o básico de um show de metal: muita pancada, ritmo, quase sem errar, pedaleira dupla veloz, mas nada que o nosso amigo Cássio Pacetta não faça sem precisar de ensaio. A diferença é que o Cássio toca no Lethal Fear e o Tommy na banda do Ozzy. Acho que nós brasileiros, ritmistas por natureza, temos um conceito bem mais apurado do tema, afinal, o melhor pode não estar aqui, mas na versatilidade estamos há anos luz a frente dos gringos.
O solo termina com uma ponte para “Iron Man” e aí já deu para perceber que estávamos na reta final. O público delirou!
Desde o útero de minha esposa minha filha conhece esse som. Eu colocava fones de ouvido na barriga da Hellen para que a Alexya se acostumasse com esses acordes. E funcionou! Ela tem essa composição como uma de “suas músicas”. A outra é “Enter Sandman” do Metallica.
Pensando nisso liguei meu celular e coloquei para que ela ouvisse, ao vivo. No outro dia ouvi de minha esposa que a frase que minha filha pronunciou ao desligar o celular foi: “- Mãe, o pai ta muito feliz!”
E eu realmente estava...
Ao longo do show Ozzy deve ter repetido umas 100 vezes “I can´t fuckin´hear you” e também pedia para que gritássemos “One more song” ao fim de algumas das músicas.
Nesse ponto do show ele disse: “- Se gritarem com muita vontade, tocarei duas, três, quatro, e ficaremos aqui a noite inteira!"
Pena, ele não ficou...
“I Don´t Want to Change the World” e “Crazy Train” deram a deixa para a última parte do show. E para completar o massacre mandou a emocionante “Mama I´m Coming Home” seguida por “Paranoid” que não deixou pedra sobre pedra.
Sem a frescura do bis forçado, a banda se perfilou na frente do palco e agradeceu a acolhida.
Nós é que te agradecemos Ozzy, nós...
Agora já posso morrer tranqüilo.

4 comentários:

  1. Tony (eu também estava lá) Kleeberg6 de abril de 2011 às 07:18

    E Afonsão, parabéns, uma crônica muito bem descrita, um momento vivido pra lá de especial, só podia acabar do jeito que acabou, ou seja, premiado com um "mãe, o pai tá muito feliz!"

    ResponderExcluir
  2. Beto "estou sem tempo de criar nosso Facebook, mas ainda vai rolar" Bian7 de abril de 2011 às 14:57

    Afonsão... Realmente, estes momentos são mágicos. É indescritível a sensação por que a gente passa em alguns shows e tem pessoas que não sentem isso e acham uma babaquice... Infelizmente não sabem como é bom. Um orgasmo? Uma viagem alucinógena? Nada disso chega perto deste tipo de sensação... E o “- Mãe, o pai ta muito feliz!” foi de emocionar...
    Do caralho!!!!

    ResponderExcluir
  3. Mateus "vou comer um morcego" Sampaio7 de abril de 2011 às 19:33

    Afonsão... após ler seu relato, até eu que nunca fui fã fervoroso do Ozzy, fiquei arrependido de não ter ido...

    Vou tomar uma cerveja, e vou dormir frustrado.

    ResponderExcluir
  4. Porra, Afonsão, bela história. E obrigado pelos elogios, quem me dera, amigo.
    Abraço

    ResponderExcluir