"Rock’n roll é fácil, De ouvir, É ótimo para dançar, Para a maioria, É o próprio ar... Pode ser tocado, Por jovens, por velhos, Não importando a idade, Por quem sabe, e também por quem só tem vontade, Por um violão com duas cordas, Com gaita ou um cabo de vassoura, Talvez com instrumentos de ponta, É deixar rolar a alegria, No fim de tudo o que conta, Pura adrenalina, Se pede mais uma dose, E embora isso seja uma sina, De improviso ou de ouvido, Seja ele qual for, Clássico, progressivo ou dléim dléim... Mas o objetivo, Vai além, Divertir o coração, E o rock'n roll faz isso, Com muita satisfação!!!”

Dá um curtir aí, pô!!!!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

A turnê final do Judas em...


“UMA DUPLA DO BARULHO”
Por Afonso Ellero

Julho de 2011. Passeando pela net entro num site de ingressos, chamo minha esposa para dar uma olhada nos preços e lá estava: Show duplo com Judas Priest e Whitesnake!
Dou aquele sorriso amarelo como quem diz: “Posso benhê?”
Dali a alguns dias seria meu aniversário e meu presente, segundo ela seria um novo celular. Deu me o direito de escolha: o ingresso ou o telefone.
Que pergunta mais besta né...
Sábado, 10 de setembro, Padaria do Alemão, 14h e 30min: Eu, Tony Kleeberg e mais uns nove malucos saímos em direção a “capitar” pra ver mais um show de rock´n roll. E que show!
O tempo ajudou. Não choveu e nem fez muito frio. Até pingou no meio da noite e fez um friozinho na madrugada. Mas afinal de contas estamos falando da Terra da Garoa e não poderia ser diferente.
Chegamos cedo e deu pra pegar um lugar razoavelmente bom se levarmos em consideração que estávamos na pista comum. Achado o lugar era só esperar. Esperar três longas horas até que a batucada começasse.
20h e 05 min. Luzes apagadas. Nos PA´s rola um som do The Who: “My Generation”. Era a música de entrada que anunciava que a Cobra ia Fumar!
“Best Years” abriu o show com bastante energia seguida de “Give me All Your Love” levantando os maloqueiros.
Um breve “Boa noitche Sao Paolu Brasil!!!” anunciou o primeiro super hit da noite: “Love Ain´t No Stranger”. Aí ninguém parou de pular! Era como se Coverdale imitasse a Ivete pedindo: “Tira o pé do chão!!!” (essa comparação foi podre...)
Seguiu se mais três músicas até que o Coverdale desse seu primeiro repouso. Hora do solo de guitarras!
A nova dupla de guitarristas da banda fez o que se esperava deles: um longo solo de distorções barulhentas sem muita técnica e muita pose pra dar tempo do David fazer um gargarejo com vinagre e mel. Tá... Eu não sou músico pra ficar falando da técnica alheia, mas já ouvi o suficiente pra saber que paletar as cordas que ficam entre o Capotraste e as Tarrachas, ou seja, na mão da guitarra, não é propriamente solar o instrumento. Dedilhar o mais rápido possível sem se preocupar muito com a melodia idem. Mais tarde até rolou um mini solo de Slide precedendo uma canção, mas aí já não conta. Os caras são bons. Só isso!
Mais uma canção e outra pausa para o solo de bateria! Hora de o David dar uma mijada. Longa mijada, aliás...
Brian Tych já tocou com muita gente boa e manda muito bem nas baquetas, mas...
Mas o cara parece que gosta de imitar o Tommy Lee do Motley Crue.
Ele literalmente não toca bateria, ele maltrata o instrumento! O cara senta o braço! Sem dó!
O solo foi até legal. Teve o momento “Olha como eu sou foda” em que ele jogou as baquetas fora e tocou só com as mãos como um percussionista. Mas seu grande truque era bater com a baqueta na pele o mais forte o possível de forma que ela saísse voando e girando. Na caída ele a pegava e continuava tocando. Só que no solo o que ele fez foi o famoso: barulho.
Legal! Tá bom... Mas não dava pra mostrar uma “técnicazinha” pra gente ficar admirado?
Era um tal de dois bumbos e baquetas rápidas com porradas na “prataria” que chegava a cansar... Talvez ele estivesse testando a resistência das peles, sei lá...
Terminada a mijada do Coverdale o “Couro comeu na Casa de Noca!” – já dizia o dito popular.
“Here I Go Again” e “Still Of The Night” pra encerrar a parte Whitesnake e mais três covers do Deep Purple: “Soldiers Of Fortune” e “Burn / Stormbringer” pra relembrar o passado glorioso.
Nem precisa falar que “Burn” simplesmente acordou a cidade toda... Berrávamos no refrão, como era de se esperar.
Finda a apresentação ficou a sensação de “Toca mais uma!”, apesar dos 70 minutos de show.
Opa! Esqueci de falar do baixista e do tecladista!
Bem... Eles estavam no palco, mas confesso que nem deu pra notar...
Agora me permito algumas linhas pra falar do vocalista: esse tal de David Coverdale.
Esse senhor de 60 anos canta pra caralho!!! E ainda simula uma punheta com o pedestal do microfone como nos velhos tempos!
Tá certo que com o tempo a vós de qualquer um vai cansando, e a dele não fez diferente!
Mas o que faz um músico experiente quando percebe que o gogó ta falhando? Usa o grave pra encobrir os buracos deixados pelo tempo!
O “feladaputa” deixou a vós mais grave e às vezes até um pouco gutural! Rouco e visceral! Quando a música exigia um agudo aqui e outro ali ele pedia a famosa ajudazinha da mesa ou deixava a galera cantar. Simples assim...
Porém... Ah esse porém...
Sr. Coverdale... Vossa senhoria já tem 60 primaveras. Já tem idade de avô. Tenha dó de si mesmo! Posar de gostosão com a camisa desabotoada tipo caminhoneiro meigo a essa altura do campeonato dá até Vergonha Alheia!
Sim senhoras e senhores! O homem resolveu fazer de conta que tinha 25 aninhos e se comportou de tal forma que faria o Paulo Ricardo (RPM) parecer um Macho Alpha!
Não bastasse mandar beijinhos para algumas mocinhas da platéia ele dedicava “a love song to Sao Paolu!” E não contente com isso mexia nos cabelos tal qual numa propaganda de shampoo da Grazi Massafera!
Mas o pior foi o dedinho... Virou foto/chacota da internet! O cidadão além de fazer caras e bocas resolver morder a ponta do dedo indicador, tal qual uma putinha de zona! Hahahahaha
Você não precisa disso caro David... Tu canta muito, é rico e famoso. Mesmo com essa sua cara que mistura o olhar e os cabelos do Serguei, o nariz do Dee Snider e as bochechas da Dercy Gonçalves a mulherada faria fila na porta de seu quarto!
E foi assim que o Whitesnake foi embora deixando saudades...

22 horas e 10 minutos. A cortina com o nome do último álbum, “Epitaph” se ascende e as luzes da pista se apagam...
Um clima soturno se faz com a pouca luz e a introdução musical. E como diria Fiori Gigliotte: “Abrem se as cortinas e começa o espetáculo!” Neste caso a cortina caiu...
“Rapid Fire” abre os trabalhos e mostra o bom e velho Judas de sempre: muito couro e tachinhas; um palco com cenário e iluminação de primeira.
O som dos PA´s encobria um pouco os agudos, mas nada que atrapalhasse demais a pancadaria sonora que se seguiu.
Rob Halford continua caminhando em círculos pelo palco como sempre fez. Nada de correr como o Bruce Dickinson ou fazer pose como o Coverdale. Ele simplesmente se inclina e grita, deixando a mostra sua reluzente careca tatuada.
E lá se foram um sucesso atrás do outro sempre no volume máximo e com o palco mudando de cor a cada novo petardo!
Pra cada canção o telão de fundo colocava a capa do respectivo álbum ou um slide cheio de efeitos. Só de mudança de panos de fundo foram no mínimo uns seis!
E tome explosões de fogo pra todo lado ritmado pela batida da música. Lança-chamas diversos e um efeito quase vulcânico, tipo Geisers, com cortinas de fumaça sendo lançadas para cima. Uma produção simples se compararmos com um show do U2, por exemplo, mas de uma criatividade e competência impressionantes!
“Judas Rising” chegou pra delírio da patota, que berrava no refrão.
“Diamond´s & Rust” (cover de Joan Baez) talvez tenha sido o ponto alto da primeira metade de show já que desde o anuncio causou alvoroço em todos os que conheciam o som.
Não vou descrever o set list completo pra não me estender mais ainda, mas garanto que só tocaram sucessos!
Claro que não poderiam faltar os solos para o gargarejo do vocalista, mas, diferentemente da banda de abertura, estes foram curtos e técnicos. Sempre com uma ponte para a música seguinte a dupla Glenn Tipton e Richie Faulkner (que substituiu K.K. Downing) fez o simples e eficiente dueto durante as próprias músicas sem se estender demais nos solos. De lambuja ainda ganhamos uma introdução do Hino Nacional brasileiro muito bem tocado, diga se de passagem.
O começo do fim veio com o super hit “Breaking The Law” que nos reservava uma surpresa. Halford anunciou a canção, mas não cantou uma única palavra: deixou o público cantar por ele! Foi de arrepiar!
Um breve, técnico e competente solo de bateria sem agressão ao instrumento e com a calma de quem já faz isso há pelo menos quarenta anos, fez uma ponte que culminou com as primeiras batidas daquela que é a canção que todo baterista de rock tem orgulho de tirar (perguntem ao Cassião!). Sim, estou falando de “Painkiller”!
O primeiro bis contou com quatro músicas sendo uma delas aquela que todo mundo esperava: “Hell Bent For Leather” que começa com o velho Halford entrando no palco montado numa Harley Davidson.
Mais uma pequena parada e o careca volta para o palco sozinho. Agradece ao público pelo apoio e tem uma síndrome de Freddie Mercury: começa a puxar o coro da galera com frases de “La la laaaaaa”, “Le Le leeee”...
Tudo isso pra que? Pra começar com a saideira. Minha canção preferida: “Living After Midnight”. E essa dispensa comentários...
Foram 2 horas e 20 minutos do mais puro Heavy Metal! Juro que em determinado momento eu estava pedindo arrego... Não agüentava mais a dor nos meus sequelados calcanhares!
Mas agüentei firme até ouvir “We Are The Champions” saindo dos PA´s ao apagar das luzes.
Fantástico é pouco pra descrever o que assistimos!
A velharada ainda está na ponta dos cascos, guardadas as devidas proporções, claro. Afinal, só de estrada são 40 anos!
Scott Travis faz parecer fácil tocar bateria. O cara mal se mexe atrás do equipamento e o som sai perfeito!
Mas o destaque, como não poderia deixar de ser, é o Rob Halford...
O cara tem carisma e ainda consegue usar seus “falsetes” com muita competência. Não dá pra não perceber que a mesa ajuda muito o gogó desgastado do careca aboiolado mais querido do Metal, mas isso não tira os méritos do rapaz.
Tal qual uma Diva (Que maldade... hehehe) Halford trocava de figurino a cada nova canção.  Pra ser mais justo ele alternava as Jaquetas de couro com Sobretudos brilhantes e purpurinados combinando com a temática do momento.
Cansado, com sede, fome, sono e com os pés inchados voltei pra casa com uma sensação de que o tempo não passou para essa banda que assisti em 91, vinte anos atrás, engolindo o Gun´s & Roses no Rock In Rio II.
Porém... Sempre tem um ”porém”...
E esse “porém” me deixou muito aborrecido...
Afinal, foi frustrante saber que ao assistir ao show perdi o Especial “Roberto Carlos em Jerusalém” que a Globo apresentou no sábado à noite...
Falei demais?

2 comentários:

  1. Tony"eu estava lá também"Kleeberg17 de setembro de 2011 às 16:10

    Meu querido Afonso, texto tão bem escrito como este, com certeza merece minhas reverências...
    PARABÉNS!!!

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  2. O cara é realmente bom nesse negócio de resenha de shows. Com os ingressos nesses preços arrasadores de cartão de crédito acho que no próximo vou ficar em casa e aguardar a resenha do Afonsão!! Nem mesmo presente teria tido a noção de tudo o que rolou como ele nos descreve; sem contar é claro o seu padrão de linguagem que já nos é conhecido e que me agrada tanto!!

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